Apesar de terem sido descredibilizadas, a propósito da recente incapacidade de prever acontecimentos relacionados com a crise financeira, as agências de rating continuam a ser a principal referência no sector da dívida. As constantes reduções na qualidade de crédito tendem a encaminhar o país cada vez mais para o colapso da banca e da república.
A banca volta agora às notícias atingindo o limiar do que é considerado "investment grade" que condiciona à partida um próximo passo em direcção à zona do BB (duplo B), a tal região "junk" que implica consequências funestas para o investimento. Isto porque o há um universo de investidores que deixa de poder investir neste tipo de dívidas face ao fraco nível de confiança na nossa banca. Resultado: o spread dispara e a cedência de créditos será ainda mais cara e de mais difícil acesso, o que comportará (ainda) mais dificuldades para as já muito castigadas famílias portuguesas, resultando ainda em abrandamento da nossa já lenta economia.
Mas a questão mais bicuda aproxima-se já em Abril, num momento em que o país irá mostrar a sua capacidade para se financiar nos mercados. De acordo com a Goldman Sacks, Portugal precisa de qualquer coisa perto dos 5.700 milhões de Euros que serão necessários para amortizar obrigações do tesouro que vencem por essa altura. A acrescer ainda 1.200 Milhões para financiamento do défice primário e pagamento de juros. A estes valores juntam-se outros, como o do défice que muito provavelmente terá aumentado para lá dos 7% avançados pelo governo.
Ainda este Sábado Daniel Bessa escrevia no Expresso:
«falência é uma palavra muito pesada. Mas eu não tenho medo das palavras; e devo usá-las, o melhor que sou capaz, para me entender com os meus concidadãos»
Só Deus saberá se a minha questão no título se irá revelar retórica ou não.