Quarta-feira, 06 de Julho de 2011

Não se considera uma mulher de causas perdidas? O CDS centrista acabou, a descriminalização do aborto vingou, o plano da Baixa-Chiado ficou pelo caminho. E na próxima legislatura, se o PS vencer, os casamentos homossexuais e a regionalização vão voltar à agenda...

 

Nada. A única coisa importante aí é podermos responder à pergunta: 'Onde é que tu estavas quando isso aconteceu?'. O que é preciso é cada um estar do seu lado da barricada. Continuo convencida de que não são boas soluções. O importante é combater, não é perder ou ganhar. Maria José Nogueira Pinto in jornal SOL 22 Mai '09



publicado por Marco Moreira às 20:06
Quinta-feira, 26 de Maio de 2011

 

José Sócrates está chocado com a colocação do tema "Aborto" na agenda da campanha. Passos Coelho deu o mote e Paulo Portas reconhece que reavaliação da lei do aborto é «uma evidência que se impõe». Louçã fala em sec. XXI e progressismo para avaliar a lei que não fez mais que dar leniência à irresponsabilidade. Hoje, fazem-se mais abortos: legais e ilegais.

 

Convém lembrar José Sócrates de alguns números do referendo de 2007 em relação ao anterior de 1998, para além da esmagadora vitória de um "Sim" a uma questão que não empregou a palavra que melhor retrata o que se estava a votar:

Votos em branco - mais 22.037 votos

Votos nulos - mais 10.322 votos

Percebo perfeitamente que se vote em branco e nulo numa eleição que elege pessoas e partidos. Desenhar uma forma fálica num boletim de voto ou escrever "querem é poleiro" é perfeitamente válida no que diz respeito à expressão democrática, embora não se contabilize como válida para a votação propriamente dita, como é óbvio. Para mim faz mais sentido esse tipo de arte gráfica num boletim de voto que o voto num determinado partido ou pessoa. Mas custa-me a acreditar que alguém esclarecido relativamente a uma questão nuclear de qualquer civilização se dê ao trabalho de se deslocar a uma mesa de voto para exprimir a sua opinião desta forma.  

 

Para além de se poder especular em como a questão "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?", utilizada em ambos referendos, poderá ou não baralhar os cidadão menos formados e informados, interessa saber porque é que em 2007 as pessoas estavam menos esclarecidas que em 1998. E como podemos entender um "progresso" de 18% dos votantes em menos de 10 anos. 

 

José Sócrates não está chocado, está preocupado.



publicado por Marco Moreira às 15:35
Quinta-feira, 31 de Março de 2011

 

Admito que possa ser um erro de concepção, mas quando penso em morte penso sempre em saldo negativo. Quando se ouve nos media que este ano houve menos mortes na estrada, ou noutra qualquer estatística o meu subconsciente diz-me que há ali um paradoxo. Se já morreram x o ano passado e juntarmos os y deste ano há sempre mais mortes. A comparação quer na vida quer na morte é inevitável para a estatística, mas na morte dá-se uma excepção preconceituosa no meu subconsciente que me incapacita de ver estas coisas de um modo meramente científico.

 

Há pouco oiço na TSF que o número de abortos legais desceu em 412 relativamente ao ano anterior. Aquilo que a minha consciência ouviu foi que houve mais 19.436 abortos. Uma espécie de tabela da multiplicação onde + com - dá menos. Admito também que possa ser uma limitação moral, mas no que toca à morte não consigo decifrar o que é morrer menos. A morte incapacita-me de ver as coisas do modo generalista. Leva-me sempre para um conceito individual, assim como se a vida para cada um de nós ainda fosse o bem mais precioso.

 

Pode parecer estranha esta minha limitação, mas não me lembro que o conceito "menos mortes" tenha trazido um sorriso ao rosto de alguém. Isso só o conceito "mais vida" pode fazer.



publicado por Marco Moreira às 08:37
 
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