Num momento de convergência entre PCP e BE, ocorreu-me a dúvida que deverá estar na cabeça das pessoas que se identificam com a esquerda democrática. Sendo que a mesma está representada na Assembleia da República exclusivamente pelo Partido Socialista e tendo este as responsabilidades que tem na situação ruinosa que o país atravessa, as dúvidas em quem votar no próximo dia 5 de Junho são no mínimo dolorosas.
Sendo eu de direita, deveria talvez estar as esfregar as mãos, maquiavelicamente esperando que a parcial destruição da tal esquerda democrática me trouxesse alguns votos à margem por mim preferida. Mas estou sei da necessidade na existência de partidos dessa esquerda para que o equilíbrio estatal prevaleça. Ainda que o país deva muitos anos de direita democrática para equilibrar a nação, gosto mais desta última que da minha ideologia.
O BE aparece na cena política como alternativa ao PS, mais que o PCP. Era esse o sonho de Louçã que até certo ponto conseguiu roubar muitos votos à esquerda democrática, por mais paradoxal que isso possa parecer. Como poderam trotskistas, maoístas e outros "ístas" da extrema-esquerda mais radical criar uma força política de alternativa ao PS?! Parcialmente conseguiram. Desencaminhando os mais jovens, politicamente imaturos com propaganda, demagogia e focalização feroz nos lóbis estigmatizados. Mas, foram alternativa ao PS de facto? Claramente, hoje sabemos que a resposta é um redondo NÃO.
O PCP decide enveredar pelo travestismo ideológico, chamando a sua esquerda de "patriota". Mas ninguém, sensatamente pode levar a sério os seguidores do sonho soviético de quererem ser uma alternativa ao PS.
Este é o momento de pôr ideologias de parte e votar com responsabilidade. Ciente que é necessária uma alternativa em detrimento de uma alternância , o caminho neste momento é de sentido único. Para bem da nação, à margem da ideologia.