Quarta-feira, 24 de Agosto de 2011

 

Apesar dos desacordos constantes, José Sócrates e Luís Amado tinham em comum o "interesse estratégico" com a Líbia de Kadhafi.

 

Ainda que o primeiro tenha ido estudar filosofia, o segundo "anda por aí" como diria Santana Lopes. Mas por algum motivo, Amado é questionado pelos media sobre questões económicas que apesar de que serem questões que podem ser consideradas factíveis a qualquer ex-ministro, talvez outras houvessem bem mais pertinentes. Questões que o seu anterior ministério e o próprio PM teriam de responder pela forma travessa e interesseira com que se encarregaram do dossier Líbia.

 

Em países onde a responsabilidade por "decisões estratégicas" que envergonham o Estado é levada a sério, Luís Amado e José Sócrates teriam sido alvo de bombardeamento mediático. Por cá, ainda ninguém se lembrou. A imprensa terá tirado férias dos casos evidentes em benefício dos especulativos. Férias que infelizmente vão além de Agosto.



publicado por Marco Moreira às 21:43
Segunda-feira, 28 de Março de 2011

 

Quando os Estados Unidos decidiram evadir o Iraque mostrei-me hesitante. Não pelas eventuais qualidades filantrópicas que Saddam Hussein poderia ter, mas por mero racionalismo geo-estratégico para a política na região. A velha questão do "tampão" que foi a posteriori destruído entre o Irão nuclear e o Ocidente. Mais tarde fui levado a acreditar que seria um mal menor devido à "descoberta" de armas de destruição maciça à mercê do ditador iraquiano. Fomos enganados, mas não tive qualquer tipo de compaixão quando Saddam teve o destino merecido.

 

Os humanistas levantaram bem alto a sua voz, condenando o imperialismo americano. George W. Bush passou a ser um campónio texano que trocava sangue por petróleo. Nunca na sua história o mundo viu tamanha mobilização à  volta de uma causa global: nem Nepal, nem Darfur, juntaram tantas pessoas quanto o repúdio à Guerra no Iraque.

 

Hoje, na era de Obama, os humanistas tiveram uma inversão moral daquilo que nos haviam habituado e pediram a intervenção na Líbia, onde Khadafi é Líder e Guia da Revolução desde 1977. Enquanto Khadafi financiou a morte de ocidentais os humanistas não se maçaram com a Líbia. O problema de Khadafi foi matar o próprio povo. Esta nuance fez toda a diferença para os humanistas.



publicado por Marco Moreira às 01:38
Terça-feira, 22 de Março de 2011

 

Os raids aéreos na Líbia atingiram um dos postos de comando de Khadafi, ainda assim parece que, de acordo com o Secretário de Estado da Defesa norte-americano, retirar o ditador do poder não é um dos objectivos militares de momento (!) uma vez que não faz sentido estipular objectivos militares que não podem ser cumpridos:

«A missão é proteger civis. Se civis forem atacados, temos a obrigação ao abrigo da resolução do Conselho de Segurança e da missão que me foi confiada de proteger civis. Não temos qualquer missão de apoiar forças da oposição em operações ofensivas. Portanto, ficaria por aqui. Protegemos civis. Não temos a missão de apoiar a oposição» General Carter F. Ham

A posição paradoxal é fácil de ser entendida. Depois de financiar o Afeganistão na sua luta contra a URSS na década de '80 que se desenvolveu no problema taliban que deu origem às mais recentes formas de aversão árabe em relação ao ocidente, os EUA não querem ficar novamente com o rótulo de "pouco-inteligentes" na mediação de conflitos externos. 

 

Assim o objectivo dos raids é "oficialmente" limitado visto a coligação ainda liderada pelos EUA prepara-se para passar a liderança os aliados europeus, conforme expresso pelo Ministro da Defesa Robert Gates.

 

O deja-vu dos fracassos Afeganistão e Iraque também ajudam na tomada desta atitude.



publicado por Marco Moreira às 01:10
 
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